A mansão Holloway, localizada em Nova Orleans, nos Estados Unidos, é considerada uma das mais mal-assombradas ou bem-assombradas do país. Essa fama chamou a atenção do ator Nicolas Cage, que a comprou em 2007. Vamos juntos desvendar os mistérios dessa história.
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Mansão foi comprada por Nicolas Cage em 2007 |
A mansão que dá nome à nossa história e é a protagonista de tudo foi construída em 1832, no número 1440, no coração do French Quarter, em Nova Orleans, Louisiana. Ela foi erguida durante o período Antebellum, uma época de muitos contrastes sociais e econômicos nos Estados Unidos, antecedendo a Guerra Civil Americana (1861–1865).
No sul dos Estados Unidos, onde a mansão foi construída, a economia prosperava com a produção de cana-de-açúcar e algodão, sustentada pelo trabalho escravo. Naquele tempo, a escravidão não apenas era legal, mas também profundamente enraizada na cultura e economia locais. A região de Nova Orleans era dominada por uma elite rica, que ostentava suas riquezas com mansões luxuosas e festas extravagantes para demonstrar seu status social.
Nova Orleans também era um ponto de convergência cultural. Originalmente colonizada pela França, foi posteriormente dominada pela Espanha e, em 1803, vendida aos Estados Unidos na Compra da Louisiana. Apesar de estar sob domínio americano, a cidade manteve traços culturais franceses e crioulos.
No contexto norte-americano, o termo criolo se referia a qualquer descendente de europeus nascido em territórios colonizados, diferentemente do Brasil, onde o termo se aplicava a descendentes de pessoas escravizadas.
A protagonista da nossa história, Madame LaLaurie, nasceu em 19 de março de 1787, em Nova Orleans, quando a cidade ainda era uma colônia espanhola. Conhecida tanto por ser uma socialite proeminente quanto pelos eventos sombrios associados a seu nome, LaLaurie vinha de uma família rica e influente. Seu pai, Louis Barthélemy McCarthy, era um comerciante respeitado, e sua mãe, Marie Jeanne Loup, também era oriunda de uma família poderosa.
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Madame LaLaurie |
Em 1808, casou-se com Jean Blanc, um banqueiro rico, que também faleceu, deixando-a ainda mais abastada. Seu terceiro casamento, em 1825, foi com o jovem médico Leonard Louis Nicolas LaLaurie, 20 anos mais novo. Esse casamento foi marcado por conflitos, com Madame LaLaurie assumindo o controle da casa e dos negócios.
A mansão LaLaurie refletia o estilo clássico do período Antebellum, combinando influências francesas e crioulas. Suas características incluíam uma fachada simétrica, janelas altas e varandas ornamentadas com ferro forjado, além de um pátio interno típico da época. Esse pátio servia tanto para ventilação quanto para privacidade, sendo um espaço funcional e luxuoso.
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LaLaurie Mansion |
Embora Madame LaLaurie fosse vista pela sociedade como benevolente e caridosa, relatos começaram a surgir sobre o tratamento cruel que ela dispensava às pessoas escravizadas em sua casa. Entre os casos mais marcantes, está o de uma menina de 12 anos que, ao ser agredida por Madame LaLaurie, tentou fugir, mas caiu de uma janela e morreu. O incidente levou à investigação policial, mas nenhum crime foi comprovado na época, e as pessoas escravizadas foram devolvidas à família.
A reputação de Madame LaLaurie sofreu um golpe definitivo em 1834, quando um incêndio na mansão revelou horrores inimagináveis. Vizinhos que correram para ajudar encontraram escravizados acorrentados, mutilados e submetidos a torturas e experimentos desumanos no porão da casa. As atrocidades chocaram até mesmo uma sociedade acostumada com a brutalidade da escravidão.
A casa foi saqueada e destruída pelos vizinhos enfurecidos, enquanto Madame LaLaurie fugia com seus filhos para a França, onde viveu o resto de seus dias em anonimato. Ela morreu em 1842, aos 62 anos, e rumores indicam que seu corpo pode ter sido trazido de volta aos Estados Unidos, embora isso nunca tenha sido comprovado.
Agora, vamos à parte sobrenatural da história. A mansão LaLaurie, reconstruída após a destruição, passou por diversos donos e é conhecida por relatos de atividades paranormais.
Já em 1890, outra família passou a residir na Lorraine Mansion. A história de Lorraine era recente, e a fama da casa já era conhecida. No entanto, eles permaneceram ali por pouco tempo, pois relataram acontecimentos estranhos. Objetos se moviam sozinhos, mudando de lugar. Eles ouviam os sons desses movimentos.
Ouviam também passos pela casa, murmúrios e chegaram a avistar um homem alto, magro e sem rosto, que parecia perseguir os familiares. Ele era frequentemente visto em um dos quartos. A família, temendo represálias, optou por não revelar sua identidade. Esses relatos aumentaram a fama da casa como sendo mal-assombrada.
Em 1870, a casa foi transformada em uma escola para meninas negras, o que era algo incomum para a época. As alunas relataram avistamentos de uma mulher de aparência zangada, vestida com roupas antigas, que parecia sempre estar irritada. Algumas disseram que essa mulher tentava agredi-las. Tanto alunas quanto professoras ouviram sons de correntes e passos arrastados pela mansão. Livros e objetos se moviam misteriosamente, e as pesadas carteiras de madeira das salas eram encontradas de cabeça para baixo. A escola foi fechada devido à dificuldade financeira e à crescente reputação sobrenatural do local.
Em 1940, o prédio foi transformado em apartamentos. Um dos moradores, conhecido como "o homem da Renascença", era fascinado por artes e esoterismo. Ele realizava rituais com simbologias estranhas e afirmava ser visitado por entidades espirituais ligadas à mansão. Esse homem foi encontrado morto em circunstâncias misteriosas, sem explicação clara, o que aumentou ainda mais a fama da casa.
Mais recentemente, diversos grupos paranormais visitaram a casa, incluindo programas de TV como Ghost Adventures e Haunted Histories. Usando equipamentos para captar fenômenos, gravaram vozes dizendo frases como "Help me" ("Ajude-me") e "Get out" ("Saia daqui"). Durante as investigações, cadeiras foram vistas se movendo, e os investigadores relataram dores de cabeça, desconforto e até sensação de serem empurrados.
O Travel Channel visitou a casa há cerca de cinco anos. Conversaram com Ann, que viveu lá há 20 anos, quando era criança. Ela relatou ouvir vozes e que seu pai via frequentemente um homem de chapéu alto saindo de trás de um armário. Uma das experiências mais assustadoras foi ver uma menininha sentada no telhado da casa.
Lisa e sua mãe, zeladoras da casa há alguns anos, também relataram eventos estranhos. A cozinha era especialmente desconfortável, com a porta abrindo sozinha, mesmo sendo do tipo que exigia girar a maçaneta para abrir.
Em 2007, o ator Nicolas Cage, fascinado por histórias sobrenaturais, comprou a mansão. Porém, nunca viveu nela. Em 2009, durante a crise financeira, a casa foi tomada por credores. Cage descreveu a compra como um investimento simbólico, mas não relatou experiências sobrenaturais.
Hoje, visitantes que passam ao redor da mansão relatam ouvir gritos, ver aparições nas janelas e até sentir arranhões e empurrões.
A história da mansão inspirou a série American Horror Story, especialmente a temporada Coven. A atriz Kate Betts interpreta LaLaurie destacando não apenas as atrocidades cometidas pela personagem, mas também as desigualdades da época, muitas das quais ainda ecoam nos dias atuais.
Confira a reportagem em vídeo: